segunda-feira, 29 de março de 2010

Novo cantinho...

Para não perder o costume criei um novo cantinho para meus devaneios. Á partir de agora, vou seguir com meus pensamentos e rascunhos no:


Neste momento, o becodopensamento, ficará assim, apenas guardando palavras passadas. E quem sabe futuras...


Um grande beijo,
Larissa Alves

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Hora de recomeçar

De uns tempos para cá, percebi que tenho fases. Elas se parecem um pouco com as estações do ano, um pouco com a lua, um pouco com as plantas...
Sinto quando estou na transição, quando estou mudando.
No começo é uma loucura, um verdadeiro caos e confusão, me sinto tão perdida, sem forças, sem esperança... Parece que estou murchando. É o momento que percebo o fim de uma fase. Em seguida, tudo parece estar neutro. É estranho, vazio. Solidão. É a fase do recolhimento, da reflexão. Pode demorar e é perigosa. Depois, percebo que a vida não me espera para colocar tudo no lugar... Procuro aceitar que as mudanças são extremamente necessárias e não posso temê-las. Devo ter consciência que elas vão me acompanhar, vão me pegar de surpresa, vão me apunhalar pelas costas, vão me esquecer por um período –longo ou curto - mas não definitivamente.

                                                                                                                                             Larissa Alves

O deserto que eu encontrei

Olhos fechados, pensamentos voando livremente sobre um céu estrelado, infinito. A janela do quarto aberta, o vento entrando sem pedir licença, sem se importar com minha presença. Já é noite. O dia passou e novamente não percebi, esqueci de lembrar de poucas, talvez, algumas muitas coisas que havia planejado fazer. Tudo bem, amanhã é um novo dia. Deitada, ou simplesmente jogada na cama bagunçada em meio a livros, cadernos e canetas, procuro ler, mas algo me incomoda e não presto atenção à leitura, quando isso acontece e percebo que tenho que ficar voltando e relendo os parágrafos decido parar, pois não adianta ler e não saborear, não mergulhar na maré das palavras, então, deixo para outro momento. Pego um velho caderno repleto de rabiscos, de frases, de lembretes, busco uma página em branco e com a caneta de tinta preta na mão penso sobre o que escrever e me vejo perdida no deserto da dúvida, do nada, talvez, do medo e insegurança. E começo a vasculhar esse deserto aparentemente tão vazio e desinteressante, pelo fato de já existirem tantos oásis perfeitos, que conseguem retratar coisas tão interessantes, textos tão bem elaborados que transmitem mensagens acolhedoras que grande parte de quem lê se identifica. Então penso em deixar o caderno no chão e escrever depois, mas sei que se fizer isso o desconforto aqui dentro não vai sair, só vai crescer. Assim, começo a escrever livremente, sem entender muito bem o porquê dessa necessidade, é minha terapia das palavras. E ao meio a essa bagunça vou descobrindo as maravilhas escondidas nesse deserto tantas vezes tão insuportável. Quem sabe um dia, quando menos esperar eu olhe e veja o meu próprio paraíso, que não necessariamente seja um oásis.
                                                                                                                                            Larissa Alves

Brincando com folhas

Olho para os lados, nada vejo além de folhas secas amontoadas e sem vida. Já está escuro. Sou tocada friamente por uma corrente de vento, que no momento do contato bagunça meus cabelos soltos. Sinto frio. Continuo a caminhada acompanhada apenas por meus pensamentos e talvez, pelas estrelas, que na luta travada com a escuridão ilumina meu caminho.
As folhas secas parecem ser as únicas a agradecer o vendo gelado. Elas brincam de roda, dançam, ás vezes, quando piso em algum montinho elas gritam... outras gargalham (...)
Ainda faltam muitas estradas para percorrer, o tempo corre demais. Por mais que eu tente me apressar, não consigo. Então, me deixo levar pela brincadeira dessas folhas meio amareladas e engraçadas, que rodopiam livremente seguindo as ondas do acaso protetor, aventureiro, não que elas tenham aceitado o destino, apenas são assim por serem elas e assim naquela noite que parecia tão sem graça, fria e escura, uma noite de solidão, mas de autoconhecimento aprendi a ser leve, simples... como aquelas folhas.

Refletindo na escuridão com o vento gélido e quando amanhecer o dia, após um descanso merecido, abrir os olhos, me espreguiçar e dizer: “Hoje vai ser um lindo dia”.

                                                                                                                                             Larissa Alves

Sem título

Roupas espalhadas, livros e folhas compartilhando o chão feito de madeira. As cobertas entrelaçadas sob a cama vazia. A janela aberta deixando os rasos raios da manhã entrarem. Mais roupas em cima de uma velha cadeira. Perfumes com as tampas ao lado, esperando serem alinhados e tampados. Paredes brancas e um porta-retrato quebrado, sem foto...

Sapatos jogados ao lado do pequeno guarda-roupa. Fotos de momentos eternizados grudadas na parede. Mais fotos espalhadas. Um copo com suco de morango da noite anterior em cima do criado-mudo. Não estava mais cheio...
Na sala, almofadas e mais almofadas distribuídas irregularmente pelo tapete. A manta que aquece, aconchegava apenas os braços do sofá já tão desgastado.
Na varanda, ainda sem plantas, sem flores... um caderno e um lápis esquecidos, talvez abandonados, mas, não era um caderno qualquer, era suas confissões, seu diário secreto de sonhos e pesadelos. Era seu céu e também seu inferno particular. Os objetos estavam jogados, as folhas passavam uma a uma com o bater feroz do vento. O lápis já desgastado, estava sem ponta.
                                                                                                                                            Larissa Alves