quarta-feira, 27 de maio de 2009

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Cirurgia de redução do estômago aumenta 542% em sete anos

Para realizar a cirurgia o paciente deve passar pelo acompanhamento multidisciplinar, que tem como objetivo, identificar os problemas físicos e psicológicos.

O número de cirurgias de redução de estômago na rede pública hospitalar aumentou 542% em sete anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, o resultado é reflexo do crescimento do número de hospitais vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde). O número de estabelecimentos habilitados passou de 18, em 2001, para 48, em 2009.

Estima-se que haja mais de 3,5 milhões de obesos mórbidos no país (Índice de Massa Corpórea acima de 40kg/m²). Somente em 2008, no Brasil, foram realizados 3.195 cirurgias bariátricas.

Entratanto, existem vários critérios que devem ser respeitados para a realização da cirurgia, afirma Elinton Adami Chaim, gastrocirurgião do Hospital das Clínicas da Uncamp. “Eles precisam de apoio multidisciplinar pré e pós operatório de no mínimo três meses. Vários pacientes já passaram por situações de preconceito, perda de emprego, em razão dos problemas que a obesidade mórbida acarreta. Chegam aqui achando que a cirurgia é a cura definitiva de todos os problemas da vida”

São realizadas 600 cirurgias por ano na Unicamp, que é referência de acompanhamento multidisciplinar do país. Os pacientes devem comparacer aos encontros semanais com nutricionista e psicóloga. Além de ser necessário confirmarem força de vontade e um emagrecimento estipulado antes da operação. Quem não seguir as regras sai do grupo.

“Muitos pacientes perderam peso antes mesmo da cirurgia. Além de melhor preparar o doente para sua vida de ex-obeso, conscientizando-o da importância da alimentação comedida e dos exercícios, o programa reduz bastante o risco de complicações pós-operatórias, como pneumonia e outras infecções”, explica Élinton Chaim.

“Nos encontros eles aprendem a não pensar mais gordo. Devem aprender a comer com qualidade, não com quantidade. O esforço e as escolhas certas de alimentos são fundamentais no processo”, disse Salete Britto, nutricionista dos grupos do HC (Hospital das Clínicas) da Unicamp.

Existem diferentes técnicas usadas em cada tipo de cirurgia, dependendo das necessidades do paciente. A mais comum é a Gastroplastia, que é a colocação de um anel na boca do estômago. Outras duas também são utilizadas: a Fobi Capella – uma técnica mista, em que ocorre a diminuição do estômago e é feito um desvio do intestino delgado e também a Scopinaro Duodenal, em que ocorre o aumento da capacidade do intestino, faz perder mais gordura e carboidratos.

“Cheguei totalmente sem esperanças, não aguentava mais preconceito. Hoje, sou uma nova pessoa, mais alegre, disposta, sem problemas de saúde”, contou Suelly Martins, cobradora de ônibus. Ela decidiu fazer a cirurgia há dois anos, após ficar presa na catraca de um transporte público de Campinas. Está 47 quilos mais magra e afirma que tanto o acompanhamento pré como o pós operatório foram fundamentais para não desistir e seguir seu foco.

Apesar da cirurgia ter se tornado comum os riscos ainda são grandes, sendo feita apenas em último caso, ainda há casos de complicação, rejeiçao do anel, disse Chaim.


Larissa Alves

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