quarta-feira, 27 de maio de 2009

Resenha: O Velho e o Mar

O Velho e o Mar - Ernest Hemingway

Síntese

A luta pela sobrevivência, os constantes conflitos pessoais e a solidão são os elementos centrais da narrativa do livro. Santiago, um velho pescador está numa fase ruim, não pesca nenhum peixe há mais de 84 dias, seu jovem amigo – Manolín – teve que mudar de barco por obediência a seus pais. Com isso, o velho sai para o alto mar sozinho, acompanhado apenas de suas lembranças e pela força de vontade. É um romance que prende o leitor pela sua narrativa fácil e pela trama. Uma história que tinha tudo para ser simples: um velho, um barco, um mar e um grande peixe, mas que Ernest Hemingway através de seu estilo e criatividade conseguiu trazer aventura e reflexão, indo muito além desse conjunto de espaço, tempo e personagem.


Aventura e reflexão. “O Velho e o Mar”, é o relato em terceira pessoa de um velho e solitário pescador que não pesca um único peixe há oitenta e quatro dias. Santiago esteve à vida inteira a alto mar, conhecendo os mares, os ventos, ás mudanças climáticas, travando as mais variadas lutas e saindo vitorioso.
Mora numa casa humilde. Dorme sobre uma cama de jornais velhos ressecados e não tem o que comer. O seu grande amigo e companheiro de pesca, Manolín, o ajuda com as necessidades mais básicas, pensando no bem estar do velho. Ele sempre ajudou o pescador, que desde o garoto pequeno, o ensinava e contava a ele suas experiências de vida.
O velho cansado dos dias ruins e de gozação dos outros pescadores, sai para o mar sozinho, com a esperança e a oportunidade de ter sucesso na pescaria. Encontra um peixe enorme, tão nobre e precioso, que nunca tinha visto antes. Com sua paciência espera o momento certo e age corretamente para matar o espadarte. Quando o leitor pensa que a aventura acaba, se engana, pois vem mais obstáculos - os tubarões - e a luta começa novamente.
Foi à última grande obra do autor a ser publicada em vida, sendo uma das mais famosas, permanecendo como referência entre os livros de Ernest Hemingway. O romance foi escrito em Cuba, em 1951, e publicado um ano após – 1952. O próprio cenário da narrativa acontece nos mares de Cuba.
Como em todos os seus livros, o autor define seu estilo. Marcado por uma linguagem de fácil entendimento que traz a tona momentos de reflexão. Faz uso de frases curtas com uma trama minimalista e genial.
Ele consegue transmitir a idéia principal com energia e vigor, deixando evidente seu foco, sua intenção.
Entretanto, por ser direto com as palavras, sem voltas e detalhes, pouco sabemos do velho – seus defeitos, suas virtudes sua total aparência, além dos olhos azuis como o mar e sua pele marcada pelo sol. Como também o jeito e o caráter de seu fiel escudeiro.
A história é direta, repleta de lembranças e sentimentos e pensamentos do velho, que há todos os momentos deseja que o garoto estivesse no barco com ele para ajudá-lo e acompanhá-lo.
Santiago, mostra que apesar da idade e das circunstâncias não se deixa abalar, mesmo com todos os obstáculos que aparecem: quando corta a mão, sente fome, sede, ânsia, a cabeça não está mais tão lúcida, ele pensa e tira forças de dentro para continuar na batalha – com o peixe e com ele próprio.
Assim, como outras personagens criadas pelo autor, o pescador, também se depara com a evidência trágica do fim, pois, apesar dos vários dias em alto mar em seu pequeno barco, sem comida suficiente, sem proteção, consegue capturar o peixe com mais de cinco metros de comprimento, mesmo após esses dias e noites de luta, procurando vencer a força e a resistência do peixe, ficando cego com o sol fortíssimo, com cãibras e cortes nas mãos, em razão da força que fazia para segurar a linha. Mesmo depois de travar uma luta com o peixe, matá-lo e amarrá-lo no barco é perseguido por tubarões que deixam o seu “troféu” estraçalhado, comem e deixam mais rastro do sangue o que atrai mais tubarões.
Santiago consegue escapar, e chega exausto á praia com apenas o esqueleto do peixe que havia capturado. Apesar de correr risco de morte e todas essas batalhas travadas ele não consegue chegar com o peixe inteiro que lhe traria uma ótima venda, pois sua carne era de primeira qualidade. E traria mais conforto ao velho.
Mas, mesmo assim os outros pescadores medem o esqueleto e passa a admirar o velho que antes não passava de um velho de má sorte.
Além da luta com o mar, o grande peixe e pela sobrevivência o pescador, vive uma luta interior. Com muita paciência diante das dificuldades, sabedoria e persistência são os elementos que lhe garantem sobrevivência. Em toda viagem, ele fala alto, conversa sozinho, sonha com os leões da África, sua infância, prepara seu próprio alimento sem se descuidar do peixe içado.
Embora tenha provado aos outros pescadores sua capacidade e sua experiência, é nítido perceber sua luta que apesar das inúmeras vitórias na vida, remonta a uma dor pela busca de uma vida melhor. Fica claro, nas suas recordações, pois ele lembra e relembra há todos os instantes de seu passado, suas emoções.
O texto econômico e objetivo do autor, que abusa das frases curtas e dos princípios jornalísticos de clareza e concisão lhe renderam fama mundial. Em 1954, Ernest Hemingway ganhou o Prêmio Nobel.


Ficha Técnica



Título: O Velho e o Mar
Autor: Ernest Hemingway
Editora: Bertrand Brasil
Ano de Edição: 2000
Lançado em: 1952
Quantidade de Páginas: 128
Tradução: Fernando de Castro Ferro
Gênero: Aventura




Larissa Alves

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